Eu não tenho a menor ideia de qual título dar para este post

por Serafim Nhoque

Hoje estava conversando com uma amiga sobre nos permitir para o outro, algo, por sinal, bem complexo. Vi o quão frágil ficamos com a presença do outro, seja pelo toque, pelo olhar, e como a conjunção de todos esses fatores faz com que agimos com a mais sincera das reações. É engraçado que durante o contato nos sentimos enevoados, relativo a um êxtase, quase efeito de uma droga. Essa presença não precisa necessariamente ser física. No mundo de hoje, nos sentimos próximos de alguém mesmo a milhares de quilômetros.

Eu nunca fui um cara muito aberto ao outro, já ouvi de muitas pessoas a dificuldade em saber o que se passava em minha cabeça. Mas acho que de uns tempos pra cá tenho estado mais crente dos meus sentidos e sentimentos, e dar a eles sua devida importância. Não me travo tanto mais e acabo deixando tudo mais fluido. Permito-me para permitir a aproximação do outro.  É mais ou menos assim, e dessa forma vou tentando organizar minhas relações. E acabo me ferrando.

Na realidade essa regra quase nunca dá certo. Tento tomar as rédeas de tudo, tatear o frágil e ser calculista. Cara, que regra? Relação não existe regra. Ao me permitir, ao deixar tudo fluir, me perco na questão “o que de fato eu to sentindo?”. Nunca sei a resposta. Entro num vortex, materializando algo impalpável. Me vejo sem referências, sem o manual de “Como se usar”. Acabo me travando, voltando ao estado inicial, me fechando pra não cair da corda bamba. Talvez eu devesse cair de vez e ver no que dá. Ou então, vai que eu consigo atravessar mais depressa?

Bom, a melhor forma eu não sei, mas é bom descobrir o melhor passo logo. Ou então vou acabar continuando a escrever usando metáforas de slackline.